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O olho a boca e o resto

  • 2017

    O olho a boca e o resto

Nossos rostos só aparecem diante do rosto de um outro.
Teatro: lugar da multiplicidade de rostos presentes.
Nós: olho, boca e resto do rosto e resto do corpo agimos e solicitamos o olhar-espectador, com quem estamos ligados, receptivos e em constante endereçamento.

Depois de investir a constituição do ser a partir do olhar do outro nos solos que criei desde 2012, e de ter assim investigado certas modalidades do visível, mergulho agora em um "pensar pelo olho" onde "olhar" é meio de capturar o mundo. Essa captura se dá pelo corpo do performer sendo este pensado como um cineasta. O trabalho do performer-cineasta consiste em ativar uma imagem do interior experimentando-a externamente; passando da visão do real à realidade, da busca profunda de si ao espaço entorno de si, de um olhar escondido à encarnação da vista. O olho e a boca formam a parte exposta do performer-cineasta. Eles são os órgãos destacados do corpo a medida que eles acolhem e rejeitam um todo-resto. Resto: uma invisibilidade sem nome.

O olho e a boca são menos entidades em si, mas meios para ir em busca da captura do mundo que pensamos viver hoje. Não seria esse mundo perplexo a sentir, a compreender, a tocar, a ver, esse resto que nos mobiliza aqui? O olho a boca e o resto propõe de mexer na massa subterrânea de um mundo cujo rosto nós desejamos construir. Na superfície e na profundeza desse mundo, deixamos emergir uma dança que mistura olho e boca, mãos e pele, sexo e cabelo, clareza e mistério, animalidade e latência, conceito e magia.

O espectador é incitado a aceitar a perda. Ao contrário da idéia de que ver significa ganhar, conquistar, dominar aquilo que vemos, essa peça se articula entorno das noções de dispersão, ultrapassagem, transbordamento, parcialidade e fragmento. Um tal princípio é válido tanto para os performers-cineastas quanto para os espectadores. Aceitar perder aquilo que o olho não consegue fixar porque virou só atravessamento.

 

CIRCULAÇÃO

GUINGAMP, França, 10 de Agosto 2019 / Festival Lieux Mouvants.
SÃO PAULO, Brasil. 18 a 21 outubro 2018 / SESC Paulista.
MADRID, Espanha. 2 e 3 março 2018 / Teatro del Canal.
LONDRES, Inglaterra. 21 outubro 2017 / The place.
BRUXELAS, Bélgica. 17 e 18 outubro 2017 / Kaaistudio.
VERSAILLES, França. 24 setembro / festival Plastique danse flore, Potager du Roi.
VIENA, Áustria. 31 julho et 2 agosto 2017 / Impulstanz Festival.
PARIS, França. 8, 9, 10 março 2017, Le CND Centre national de la danse.
BREST, França. 28 fevereiro e 2 março 2017, Le Quartz, scène nationale de Brest, Dañsfabrik.

 

Coreografia
Volmir Cordeiro
Performers
Calixto Neto, Isabela Santana, Marcela Santander Corvalán, Volmir Cordeiro
Luz
Abigail Fowler
Design sonoro
Cristián Sotomayor
Operador de Som
Arnaud Delacelle
Figurinos
Lucas Ossendrijver
Assistência de figurinos
Boramy Viguier
Olhar de fora
Carolina Mendonça e Ana Paula Kamozaki
Audiodescrição
Sabine Macher com a participação de Reynalde Nicolin
Co-produção
Le CND Centre national de la danse, Le Quartz, scène nationale de Brest, centre chorégraphique national de Caen en Normandie, dans le cadre de l’accueil-studio/Ministère de la Culture et de la Communication, le Département de la Scène Saint-Denis.
Apoio
Adami e Arcadi Île-de-France.
Duração
1'10

Espetáculo apresentado no âmbito do programa The Humane Body, Ways of seeing Dance. The Humane Body é cofinanciado pelo programa Europa criativa da União Européia.

 

IMPRENSA

Smaranda Olcèse, À bras le corps, L'oeil la bouche et le reste
Emmanuel Serafini, Iogazette, Trouble every day
Marie-Christine Vernay, Délibéré, Tempête-Danse
Gerard Mayen, Mouvement, Trop brillant pour voir derrière
Aurélien Barbaux, Centre Chorégraphique de Caen, Interview